Lisa Martins: “O balanço da minha participação neste projeto é bastante positivo”
O INTERACT não se faz sem investigação. Este é uma das entrevistas da série #SomosINTERACT que pretende dar a voz aos bolseiros de investigação envolvidos no projeto.
Nesta entrevista, Lisa Martins, bolseira de investigação afeta à linha BEST, falou sobre a sua investigação e na forma como a sua participação no projeto a fez evoluir pessoal e profissionalmente.
Perfil
Lisa Martins é uma dos bolseiras de investigação do projeto INTERACT. Doutorada em Geologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, está afeta à linha BEST.
A investigação de Lisa centra-se na contaminação de águas subterrâneas, com foco nos contaminantes provenientes da utilização de fertilizantes.
Que investigação está a desenvolver no INTERACT e em que consiste?
Estou a desenvolver uma investigação centrada na contaminação de águas subterrâneas com principal foco em contaminantes antropogénicos (nitratos) provenientes da utilização de fertilizantes agrícolas e radioativos (radão) oriundos de litologias essencialmente graníticas.
Qual a aplicabilidade da sua investigação e que novidades vem acrescentar à investigação já existente?
Esta pesquisa é relevante para o planeamento dos recursos hídricos e da qualidade da água subterrânea, sobretudo em captações de água onde se verificam concentrações elevadas de nitratos e de radão. O processo de migração e transporte de radão das rochas para as águas subterrâneas é extremamente complexo, dificultando o estabelecimento de modelos coerentes. Com esta investigação, pretende-se alertar os decisores políticos para a utilização de exercícios de modelação do fluxo e transporte de contaminantes (nitratos) e da contaminação de radão no planeamento dos recursos hídricos e de medidas de mitigação eficazes na qualidade da água, atendendo aos requisitos de proteção da saúde humana.
O alerta é ainda mais pertinente porque as metas de desenvolvimento sustentável anunciadas pelas Nações Unidas para 2030 (Goal 6) alertam os decisores políticos sobre a proteção dos recursos hídricos através da implementação de medidas de mitigação que envolvam a proteção radiológica no abastecimento de água, cumprindo assim o prazo pré-estabelecido.
Que resultados já foram obtidos?
As áreas a montante das bacias hidrográficas de montanha permitem a salvaguarda da qualidade das águas subterrâneas, devendo ser dada especial atenção à contaminação por nitratos provenientes de fertilizantes agrícolas. Os atuais modelos de risco de contaminação não são consistentes em bacias montanhosas, pois não consideram a influência dos fluxos horizontais no transporte de contaminantes no processo de validação. A aplicação deste novo método evidencia a influência da agricultura na qualidade das águas subterrâneas através de elevadas concentrações de nitratos a jusante das áreas de risco. Para além disso, as plumas de nitratos modeladas comprovam a existência de diversos tipos de circuitos, no entanto com maior destaque os circuitos locais onde a descontaminação poderá ocorrer num curto espaço de tempo, eliminada a causa. A avaliação dos fatores de controlo da distribuição de radão em águas subterrâneas permitiu também especificar as áreas de risco de contaminação de radão, expondo as virtudes desta nova perspetiva de modelação do risco de contaminação. O tempo de residência das nascentes também alerta para o curto espaço de tempo necessário para que elevadas concentrações de radão alcancem as emergências.
Que balanço faz da sua participação no projeto INTERACT?
O balanço da minha participação neste projeto é bastante positivo, destacando a notória evolução pessoal e profissional. Para esta crescente evolução muito contribuiu a excelente dinâmica de interação existente no grupo de investigadores.
A sua participação no projeto abriu-lhe perspetivas para outras investigações em outras áreas?
A minha participação em diversos congressos permitiu um aumento do meu conhecimento relativo à contaminação de águas subterrâneas, entre outros temas atuais que pretendo abordar futuramente.