INTERACT presente no Encontro Ciência 2019
Investigadores do projeto INTERACT (“Integrative Reserach in Environment, Agro-Chains and Technology”) participaram na edição 2019 do “Encontro Ciência”, que decorreu entre os dias 8 e 10 de julho, em Lisboa. Os Professores Luís Filipe Fernandes e Pedro Melo-Pinto, investigadores e docentes na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), apresentaram uma parte daquilo que é desenvolvido no projeto e na universidade.
Recetividade aos trabalhos foi “excelente”
O Prof. Luís Filipe Fernandes foi o primeiro a mostrar a investigação realizada. O investigador INTERACT apresentou o projeto “Water resources management in river basins facing floods and droughts”.
Segundo o docente, a investigação “traduz-se na conceção de duas metodologias de otimização de locais”. Uma das metodologias consegue definir “o melhor local” para a “implantação de estruturas de aproveitamento de águas pluviais com aplicação a diversos fins” como é o caso dos “usos agroflorestais”. Já a segunda metodologia, pretende otimizar os locais por forma a atenuar ou, mesmo, controlar por completo inundações ou cheias “através de bacias de retenção”. Esta metodologia surge na sequência de uma imposição de uma diretiva europeia de 2007 e, neste âmbito, “Portugal identificou 22 zonas críticas de risco de inundação”.
“Ninguém ficou indiferente aos dois modelos distintos perante um País que vive permanentemente, e ao longo dos anos, em situações extremas de cheias e de secas”, refere o investigador.
Já o Prof. Pedro Melo-Pinto apresentou a investigação “The problem of generalization in machine learning models for wine grape ripeness assessment using hyperspectral imaging”.
O docente explica que a investigação consiste no “uso” da “imagiologia hiperespectral”, uma “tecnologia não destrutiva”, e da inteligência artificial “para predizer parâmetros determinantes na maturação de uvas”. Estes parâmetros são obtidos com recurso a um “modelo deep learning” (aprendizagem profunda). Este é treinado para devolver os calores dos parâmetros envolvidos, usando, para tal, um conjunto bastante alargado de amostras e exemplos. Depois, segue-se uma “fase de teste” do modelo, sendo submetidas amostras “não envolvidas no treino”. O que se obtém são “os valores dos parâmetros” dessas amostras de forma extremamente rápida. No entanto, é justamente aqui que se coloca o desafio: “Para ser considerada eficaz, a metodologia precisa de ser generalizável, ou seja, obter resultados corretos para amostras variadas e desconhecidas do processo de treino o que, no caso das uvas, é de uma grande importância dada a variabilidade destas”, refere o investigador.
A aplicabilidade desta investigação, iniciada em 2009 e aprofundada graças ao INTERACT, reveste-se de especial relevância, tendo “suscitado o interesse de diversos investigadores presentes” na apresentação. A monitorização das uvas tem um papel fundamental na atualidade e “o facto de existir uma metodologia rápida, fiável e ambientalmente sustentável para a realizar de forma extensiva” poderá ser considerada “uma mais-valia decisiva no setor vitivinícola”, sustenta.
Ana Barros, investigadora do projeto INTERACT e diretora do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) (centro-âncora do projeto científico) também esteve neste encontro, tendo realizado a apresentação “CITAB: an overview”.
O “Encontro Ciência” promove anualmente “o debate alargado dos principais temas e desafios da agenda científica para além do universo da investigação”, além de estimular “a interação entre investigadores, setor empresarial e público em geral”, refere a organização. A primeira edição do “Encontro Ciência” aconteceu em 2008, sendo suspenso em 2010. O regresso aconteceu em 2016, mantendo o seu formato anual.