“Determinação da fertilidade e previsão precoce de produtividade na videira”
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Até dezembro de 2019, os investigadores vão relatar tudo o que foi desenvolvido e as conclusões obtidas ao longo de todo o projeto INTERACT. Neste artigo, Ana Monteiro, B. Martins, Aureliano Malheiro e Eunice Bacelar, investigadores do projeto “Grapevine varietal adaptive potential to regional environmental conditions“, dentro da linha VITALITY WINE, fazem uma resenha dos principais resultados obtidos.
A produção vitícola é geralmente pautada por colheitas anuais irregulares, sendo um fator limitante para a sustentabilidade da produção. Por isso o conhecimento antecipado durante o período de dormência da videira dos níveis de fertilidade dos gomos permite ajustar a carga à poda para níveis de produção adequados. Nesse sentido, pretendeu-se validar a adaptação da poda anual às previsões de colheita determinadas pela expressão da fertilidade potencial de estacas em meio forçado (figura 1) nas castas Alvarinho, Fernão-Pires e Loureiro, provenientes de duas vinhas (Celorico de Basto e Penafiel) da Região Demarcada dos Vinhos Verdes (figura 2).
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Figura 1 _ Cultivo forçado de estacas de videira em câmara de crescimento.
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Figura 2 _ Parcela na Região dos Vinhos Verdes.
Complementarmente em laboratório foram realizados estudos histológicos dos gomos (figura 3) e determinadas as concentrações de açúcares solúveis totais (AST) e amido (AM) no lenho das estacas ao nível dos nós e entrenós.
De um modo geral, verificou-se que as estacas das três castas apresentavam concentrações de AST mais elevados na zona do nó comparativamente à zona do entrenó. Registaram-se também diferenças entre concentrações de AST e AM, com a tendência Loureiro> Fernão-Pires> Alvarinho nos dois anos, o que está certamente relacionado com o rendimento produtivo das castas estudadas. Por sua vez, verificou-se ainda diferenças nestes metabolitos entre anos, com valores superiores em 2018 comparativamente a 2017. Estes resultados corroboraram os obtidos na previsão da fertilidade potencial das estacas (superiores em 2018), sugerindo a necessidade do aumento da carga à poda nesse ano, com vista a garantir os níveis de produção desejados e a sustentabilidade das parcelas.
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Figura 3 _ Secção longitudinal de gomos de V. vinifera cv. Loureiro, com coloração de azul de toluidina, onde podemos verificar a necrose do gomo principal (A) e gomo secundário (B).
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