“Animal Production – Introduction of Mediterranean legume grains for animal feeding”
Até dezembro de 2019, os investigadores vão relatar o que foi desenvolvido e as conclusões obtidas ao longo de todo o projeto INTERACT. Neste artigo, Cristina Guedes, investigadora do projeto “Animal Production – Introduction of Mediterranean legume grains for animal feeding“, dentro da linha ISAC, faz uma resenha dos principais resultados obtidos.
Produção de grão de leguminosas em Trás-os-Montes
O resumo dos resultados da produção de grão e da produção de proteína encontram-se no quadro 1.
Na região em estudo, as espécies do género Lupinus foram as mais produtivas, destacando-se o tremoço de folha estreita (L. angustifolius), com uma produção média de grão por hectare de 2625 e 2962 kg/ha, em Mirandela e Vila Real, respetivamente. As variedades de grão-de-bico (Cicer arientinum) foram aquelas que apresentaram produção mais baixa nos dois locais estudados. Os Lupinus apresentaram produção de grão mais elevada em Vila Real sendo que o contrário foi observado com as outras duas espécies estudadas que apresentaram maior produção em Mirandela. Na produção de proteína observou-se igual comportamento, ou seja, maior produção dos Lupinus em Vila Real e maior produção do Cicer arietinum e do Lathyrus cicera em Mirandela.
Composição química das amostras de grão de leguminosas
A composição química dos grãos das leguminosas estudadas encontra-se no quadro 2.
Os Lupinus spp. apresentam um teor em proteína mais elevado que as variedades de Lathyrus cicera e Cicer arietinum. Observou-se igualmente diferença no teor em proteína entre as espécies de Lupinus estudados sendo o valor mais elevado encontrados nas variedades de tremoço amarelo (L. luteus).
Os resultados da análise dos alcaloides indicam que as variedades de Cicer arietimum e do Lathyrus cicera não apresentam teores mensuráveis de alcaloides. Quanto aos grãos das 3 espécies de Lupinus estudadas verificámos que apresentam quantidades variáveis dos vários alcaloides analisados.
Estudo da degradação in sacco das amostras de grão de leguminosas
Os resultados (valores médios) da degradação in sacco da proteína dos grãos de leguminosas podem ser observados no quadro 3.
Os resultados mostram que estes grãos de leguminosas apresentam elevada degradação da proteína no rúmen, podendo constituir excelentes fontes proteicas para a alimentação de animais, neste caso específico, de ruminantes.
Ensaios de crescimento de borregos
Substituição parcial de bagaço de soja por sementes de Lupinus: efeitos no crescimento, digestibilidades e ingestão voluntária de borregos da raça Churra da Terra Quente. Os resultados indicam que a substituição do bagaço de soja por L. albus (33%) ou por L. luteus (26%) em dietas fornecidas a borregos desta raça não afetou o ganho médio diário de peso vivo e o índice de conversão alimentar. É de salientar o efeito no aumento da ingestão do alimento de feno. No próximo ensaio serão estudados níveis de incorporação mais elevados.
Ensaios de crescimento de coelhos
Substituição total de bagaço de soja por sementes de Lupinus: efeitos no crescimento, digestibilidades e ingestão voluntária de coelhos. Os resultados indicam que o L. albus e o L. luteus podem ser uma alternativa ao bagaço de soja em dietas de coelhos em crescimento. No entanto, foi observado menor ganho de peso, menor taxa de conversão alimentar e redução da digestibilidade de alguns componentes da dieta. Deverão ser estudados níveis de incorporação inferiores, bem como fazer uma avaliação económica dos resultados.